TÉCNICAS
Microfisioterapia
Dois osteopatas franceses dedicaram décadas a estudar como se dá a construção do nosso corpo físico. Investigaram as forças que prejudicam a capacidade inata que o nosso corpo tem de se autorregular e onde estas se originam. Encontraram respostas na embriologia, na filogénese (memorização de experiências entre as espécies para possibilitar a evolução), ontogénese (fases do desenvolvimento fetal até à vida adulta), física quântica (informações transgeracionais vindas do campo morfogenético), homeopatia (princípio do infinitesimal — “microtoques”), epigenética (a interferência do ambiente na expressão dos nossos genes), neurociência, entre outras.
Com todas essas bases científicas, a técnica surgiu no final da década de 1980 e trata-se de uma terapia manual, de toques leves (daí o nome “micro”) sobre a pele — órgão derivado do mesmo folheto embrionário que dá origem ao sistema nervoso — para avaliar a vitalidade dos tecidos corporais através dos testes de resistência: epidérmico, dérmico ou ósseo. Caso se observe alguma restrição, entende-se que há uma redução do seu ritmo vital fisiológico.
Estes tecidos originam-se de três folhetos presentes no embrião: o endoderma (que dá origem a todas as mucosas, órgãos, glândulas e vísceras), o ectoderma (que forma a pele e o sistema nervoso central e periférico) e o mesoderma (que forma todo o nosso sistema estrutural — músculos, ossos, fáscias, tendões, etc.). Foi também identificada a influência de um quarto tecido que precede os demais e que carrega as informações herdadas: o tecido extra-embrionário (placenta). Este tecido, também conhecido como tecido sanguíneo, é o terreno biológico de desenvolvimento de todos os outros tecidos do embrião.
Por este motivo, se a origem de uma fragilidade for herdada, o tipo de alteração que ocorre nos folhetos embrionários indica onde a disfunção se iniciou. As palpações têm como objetivo comunicar e reprogramar, no corpo, a memória celular que sustenta determinada informação sob a forma de sintomas — sejam físicos ou comportamentais. Este é um dos grandes diferenciais da Microfisioterapia: tratar no corpo o que pode ter começado até quatro gerações antes da pessoa.
Um dos mecanismos de acção para que esta reprogramação ocorra é através de receptores presentes na pele, capazes de converter o estímulo em sinais intracelulares. Ao serem tocados em sequência e de forma precisa, gera-se um potencial de acção que modula e ajusta a informação. Ocorre uma reprodução infinitesimal da agressão ao se percorrer todo o trajecto do seu impacto nos tecidos. Ao apresentar novamente essa lesão ao corpo, inicia-se o processo de autorregulação corporal (activação parassimpática). Todo o trabalho é feito pelo corpo; o meu papel é apenas facilitar este mecanismo inato e inteligente que ele já possui.
Quais são suas bases e por que funciona?
Vivemos um momento em que o excesso de oferta de métodos, conceitos, técnicas, entre outros, nos coloca em sobrecarga e confusão sobre o que verdadeiramente precisamos. Nenhuma técnica é soberana, e precisamos urgentemente escutar a sabedoria que orquestra e rege a nossa biologia.
A Microfisioterapia utiliza como guia o teu próprio corpo, que conta a tua história através dos toques e te auxilia a reescrevê-la. Complementar a todas as outras terapias, tratamentos médicos e acompanhamento psicológico, promove uma melhoria nos modos de resposta do teu organismo como um todo.
Já está comprovado pela neurociência que os traumas estão no corpo e que as terapias corporais devem fazer parte do tratamento de transtornos mentais, comportamentais e sociais. O trabalho da Microfisioterapia é aceder à origem dessas alterações ao nível celular, onde, além de libertar a memória envolvida, identificamos a causa daquilo que está a comprometer o bom funcionamento do organismo.
Em casos em que há sintomas para os quais a medicina tradicional não encontra uma causa ou uma solução eficaz, a Microfisioterapia pode ser bastante assertiva ao diagnosticar essa fragilidade, pois acede ao mecanismo subtil que sustenta a disfunção — uma informação que permanece a nível celular, ainda não acessada e que ainda não modificou a estrutura.
A Microfisioterapia trata o indivíduo como um todo, na sua integralidade, considerando todas as dimensões — física, mental, afectiva e espiritual — e todas as suas exposições ao longo da vida. Por essa razão, pode ser utilizada também como prevenção, pois potencia o sistema imunitário, melhora a vitalidade dos tecidos e promove um bem-estar profundo. Não há contraindicações para o método e pode ser aplicado em qualquer idade — de recém-nascidos a idosos.